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NIÑA ROJA

Niña Roja é um projeto artístico de caráter exploratório, processual e expandido que procura desvelar a silenciada catástrofe de meninas desaparecidas na Bolívia. O projeto se compõe de diversas peças artísticas, entre elas, performances, instalações, arte-objetos, fotografias, um livro de artista e um ensaio-catálogo da investigação. Contudo, para o projeto Mira Latina foram selecionadas duas séries fotográficas acompanhadas do vídeo registro da performance ¿Dónde están? realizada sob a voz e comando de dezesseis meninas na porta da FELCC – Polícia Civil Boliviana.

Quem as sequestra, quem as vende, quem as transporta, quem as compra, quem não as protege, quem lhes permite atravessar as fronteiras, quem não vigia, quem não acolhe as denúncias, quem não investiga o paradeiro – mesmo quando muitas vezes é conhecido, quem não legisla, quem evita julgar aos implicados já reconhecidos, quem as submete, quem as recebe, quem as alimenta, quem as deseja, quem paga, quem faz delas seu gozo? Quem não informa? Quem cala? Quem as esquece? Quem (três pontos)?

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Carla Spinoza

La Paz, Bolivia

Sou Carla Spinoza / Universo Ulupika, sou socióloga, fotógrafa e artista visual. Mestre em Estudos da Cultura com menção em Artes e Estudos Visuais.

A arte-território das micro-utopias
A obra dispositiva da exaltação social
O espectador: uma testemunha participante

Ali, onde percebo um problema, encontro o início para uma obra,
acredito na investigação social como uma viagem de comprometimento artístico,
uma experiência cuja criação deve passar pelo próprio corpo,
alteridade, identidade, corpo, violência são alguns dos conceitos que delineiam minha pesquisa artística.

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  • Mira Latina

Mira Latina

Re-invención

Re-invenção

Por Carla Spinoza

 

“Não uma imagem justa, senão ‘justo’ uma imagem”. –  Jean-Luc Godard

 

Na Bolívia, a folha de coca é uma planta sagrada que tem sido cultivada e consumida pelos povos indígenas há 5000 anos. A sua transcendência deve-se à resistência da cosmovisão andina, que a reconhece como uma companheira essencial para a vida social, medicinal e ritual. No entanto, com a invenção europeia da cocaína no século XIX, a folha de coca foi estigmatizada, devido à associação indiscriminada com a cocaína, e consequentemente com o tráfico de droga, como resultado da chamada luta contra a droga, provocando uma analogia indevida entre os seus usos e significados entre o local e o global, apagando as raízes históricas e culturais do uso milenar da planta.

A série fotográfica intitulada Re-invención (2018), é uma tentativa de investigar desde a contemporaneidade boliviana, a complexa relação entre a coca-cocaína como um dos fenômenos característicos das últimas décadas em relação ao protagonismo sócio-político indígena na Bolívia.

Em Janeiro de 2006, a sul dos Andes, nas ruínas da desaparecida cultura Tihuanacota, “com a permissão do pai sol e da mãe lua e da sagrada folha de coca e de todos os espíritos protetores da natureza”1, o cultivador de coca Evo Morales tornou-se o primeiro presidente indígena da Bolívia. A sua chegada marcou um antes e um depois para a história da América Latina em geral, mas em particular para um dos fenômenos mais salientes e complexos do mundo, marcando um divisor de águas na luta internacional contra a droga e um marco histórico para os movimentos sociais e sindicais do país.

Comecei o projeto fazendo uma coleção de imagens identificadas em arquivos de jornais e meios digitais, com representações midiáticas de Evo Morales como o máximo representante do movimento dos produtores de coca e presidente do Estado Plurinacional da Bolívia. Uma nova figura política que levou a uma reconfiguração da identidade local, permitindo a reinvenção de uma identidade marginalizada. Um exercício entre imagem-montagem que toma como eixo um corpo indígena em gestos de poder, prazer e heroísmo, criando um personagem no sentido de propor uma imagem alternativa e ainda pendente, que não procura substituir a antiga mas sim imaginar uma subjetividade crítica. Na sua condição de artífice e imaginativa, explorando clichês e combinando elementos da sua própria identidade étnica com elementos ocidentais.

 

 

1 Morales, E. “Discurso del Presidente Evo Morales en la Ceremonia Ancestral”. 22 de Janeiro de 2015. Tiwanaku. https://www.youtube.com/watch? v=gLITyW5DsTE&t=17s. Acesso em 5 de Março de 2019.

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Projeto e curadoria de Maíra Gamarra, com incentivo do Funcultura/Governo do Estado de Pernambuco.