Fotógrafa especializada em artes visuais, participei em várias exposições no México, Chile, Uruguai, Brasil, França e Estados Unidos. Contar histórias através da fotografia apoiada pela escrita é o corpo principal do meu trabalho, embora também explore o som e o vídeo. Em Setembro de 2020 obtive o apoio do Sistema Nacional de Criadores do México para desenvolver o meu próximo projeto.
A fotografia significa para mim uma busca interior, um diálogo comigo mesma, que me ajuda a relacionar-me com o mundo. O meu processo está intimamente relacionado com as minhas emoções. Trabalho sobre temas relacionados com a autobiografia, a densidade e circularidade do tempo em relação à herança familiar, questionando o papel da mulher na sociedade. Preocupo-me com a vida e a morte e tenho a inquietação de explorar campos incertos e de indagar sobre o que dificilmente consigo compreender.
Mira Latina
Felices para siempre...
por Daniela Unger
Para preservar a nossa fantasia, substituímos o amor pelo romance.
A atracção erótica serve frequentemente de catalisador para uma ligação íntima entre duas pessoas, mas não é um sinal de amor.
Bell Hooks
Dia 9
Patriarcado no casamento:
Como desmistificar o amor romântico?
Fim do amor como eu o conheço?
O meu corpo já não é… Perder a relação idealizada.
Limite: aceitar que só serei capaz de compreender a minha mente e o meu corpo, e o de mais ninguém.
Em que pensas quando não há mais alegria?
O que acontece com tudo aquilo em que se acredita?
Se pensa com o que se queima? A partir da desilusão?
A morte do amor romântico.
Dia 11
A cura a partir do afeto e empatia entre as mulheres. Juntas como uma só mulher desde a empatia com as histórias de desamor de outras mulheres. Todas nós somos afetadas por este sistema patriarcal, é uma questão de gênero? Até que ponto?
Sentir-se amada e amar gera segurança, imagina-se a possibilidade de ser duradoura, não é verdade?
A forma como fui educada interferiu na minha própria ideia de amor verdadeiro e liberdade sexual?
Como desconstruir o que está enraizado na minha mente pelo sistema, fui educada para o amor romântico?
A necessidade de me libertar, de me abrir, de me expandir: evolução. Abertura a outras possibilidades de amor. Quais?
Dia 12
Reconheço os sacrifícios e as dores que as minhas antepassadas enfrentaram e as repetições que se geraram em mim. Será que vivo a mesma situação de vulnerabilidade que a minha mãe?
Como preencher a necessidade absoluta de afeto de uma pessoa? Como preencher esse amor? Com outras formas de se amar: doar-se aos outros, amigos, arte? A força de outros afetos.
A ideia de sexo e desejo através do amor. Tento compreender a minha sexualidade com a curiosidade de não ser dominada por eles, os homens. Desde que me lembro tenho tido cuidado com a forma como sou vista, desejada ou assediada. Eu queria que o meu corpo não estivesse disponível para ser usado ou possuído pelo homem.
A sexualidade é apenas um encontro com outras pessoas?
Dia 13
Silenciei tudo e agora o meu corpo grita: implosão.
Dia 15
Como desmistificar o sexo e ser dona de mim mesma? Ninguém pode possuir o meu corpo, é preciso transmutar a ideia de propriedade, de posse.
Ninguém é meu e eu não sou de ninguém… Ninguém se apodera de mim.
Dia 16
Será que a ideia do amor verdadeiro me machuca?
A amizade pode ser um afeto infinito e a sexualidade acompanha-a às vezes e às vezes não?
Porque insistimos na ideia de que há uma pessoa que nos completa? Já somos completas.
Como aceitamos a ideia de que o outro pode sentir desejo por outra pessoa?
Será a monogamia possível? Será a monogamia uma forma de garantir o amor romântico? Será bem sucedida?
O que é o casamento afinal? A quem serve? Porque somos nós as fracassadas se não o conseguimos?